# Introdução inda que no passado o tema sustentabilidade tenha concentrado atenção somente nas questões ambientais (MAY; STAHL, 2016) com o passar do tempo e devido a maior conscientização dos gestores, as novas legislações e mesmo a pressões dos consumidores, muitas empresas passaram a desenvolver seus negócios de forma sustentável, analisando os impactos ambientais, econômicos e sociais (SILVA et al., 2015). Essas empresas visam desenvolver práticas de governança que possam impactar positivamente a relação com a sociedade, ao mesmo tempo em que seja possível alcançar a eficiência produtiva e reduzir os impactos ambientais (MARCONDES; BACARJI, 2010). Na busca por entender o quanto as organizações são sustentáveis, passou-se a desenvolver metodologias e ferramentas cada vez mais complexas (SILVA et al., 2015). Nessa perspectiva, seguindo uma tendência global, vários índices de sustentabilidade passaram a ser organizados, a exemplo do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). O ISE é um instrumento para análise comparativa do desempenho das empresas, da Bolsa de Valores, sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada na eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa (BM&FBOVESPA, 2020). Neste contexto, a indagação central deste estudo pauta-se no seguinte questionamento: qual a eficiência sustentável das empresas que integram o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e publicam seus relatórios de sustentabilidade seguindo as diretrizes do Global Reporting Initiative (GRI)? Na busca por responder a tal questionamento, o objetivo deste estudo é, analisar a eficiência sustentável das empresas que integram o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e publicam seus relatórios de sustentabilidade seguindo as diretrizes do Global Reporting Initiative (GRI). Este estudo contribui ao identificar que dentre as empresas que integram o ISE e que utilizam das diretrizes do GRI, existem as mais comprometidas e consequentemente as mais eficientes na sustentabilidade. Contribui também ao mostrar que empresas de setores distintos podem alcançar a eficiência sustentável, otimizando os recursos disponíveis e alcançando resultados superiores. A terceira contribuição deste estudo está na identificação de que é possível investir em ações econômicas, sociais e ambientais e que tais investimentos tendem a gerar externalidades positivas às empresas. Gerencialmente, este estudo contribui para que as empresas analisem quais os níveis de input e output possibilitam atingir a eficiência e também possibilita aos gestores das empresas não eficientes, traçar suas estratégias, analisando as decisões e estratégias das empresas que atingiram a eficiência sustentável. O estudo está dividido em cinco seções: (i) introdução; (ii) referencial teórico -sustentabilidade, índice de sustentabilidade empresarial, global reporting initiative, eficiência; (iii) procedimentos metodológicospopulação e amostra, modelo de análise envoltória de dados, variáveis utilizadas na pesquisa; (iv) resultados e análises; (v) Considerações finais. # II. # Fundamentação Teórica # d) Eficiência As empresas estão constantemente buscando melhor desempenho (MAY; STAHL, 2016) a fim de atingir a eficiência sustentável, e criar vantagem competitiva. A eficiência pode ser mensurada por várias formas. Uma delas, que vem sendo utilizada em vários estudos (ANDRADE et al., 2013; NEVES JÚNIOR et al., 2012; ROCHA; REBELATTO; CAMIOTO, 2015; SANTOS, 2011) é a análise envoltória de dados (DEA). Trata-se de uma programação matemática que otimiza cada dado individualmente, de modo a calcular uma fronteira de eficiência determinada pelo grupo de unidades que são "pareto eficientes". Uma unidade é considerada como "pareto eficiente" se conseguir melhorar alguma característica sua, sem piorar as demais (MELLO et al., 2005). Uma das possibilidades para medir a eficiência na DEA, é utilizando o modelo Banker-Charnes-Cooper -BCC, também chamado de Variable Returns to Scale -VRS. Este considera situações de eficiência de produção com variação de escala e não assume proporcionalidade entre inputs e outputs (BANKER; CHARNES; COOPER, 1984). FARRELL (1957) indica que formar uma medida de eficiência, tendo como base somente a produtividade dos fatores de produção, é um erro, havendo a necessidade de abarcar um conjunto de elementos que possibilitem a maximização da relação entre os inputs e os outputs. Desta forma, a eficiência constitui-se em um conceito relativo, uma vez que faz a comparação entre o que poderia ter sido produzido e aquilo que foi produzido, com determinada quantidade de recursos disponíveis (MELLO et al., 2005). Segundo os mesmos autores, a eficiência de uma Decision Making Units -DMU e? a razão entre a sua produtividade e a produtividade da DMU mais eficiente, tendo que, o resultado é uma medida de eficiência, entre 0 (zero) e 1 (um). Podem ser visualizadas duas eficiências: a técnica; e a econômica. No caso da primeira, a orientação é para os insumos (input) com menor utilização de recursos, com o objetivo de atingir certa quantidade de produção. Na segunda, a orientação é para os produtos (outputs), buscando o maior nível de produção possível com os insumos a que se tem alcance. # III. # Método de Pesquisa Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva, uma vez que aborda o tema da eficiência da sustentabilidade empresarial, descreve características das empresas participantes e analisa estatisticamente os dados coletados. Tratam-se de dados secundários, coletados junto aos relatórios de sustentabilidade no formato GRI, e na base de dados Economática. A seguir será apresentada a população, a amostra e demais procedimentos do estudo. # a) População e amostra A população foi composta por 31 empresas que participaram do ISE nos anos de 2015 a 2017. Para composição da amostra foram consideradas 13 empresas, conforme a Figura 01, com base em três fundamentos: 1. Ter publicado relatório de sustentabilidade referente ao ano de 2016, modelo GRI; 2. Apresentar, no relatório de sustentabilidade, os dados referentes às variáveis de output; A variável, Valor Adicionado Distribuído, está ligada à categoria econômica e identifica o montante (R$) gerado e distribuído pela organização em custos, pagamentos, investimentos e salários, sinalizando aspectos do desempenho econômico. A variável redução no consumo de energia retrata o quanto a empresa conseguiu economizar (porcentagem) em comparação ao ano anterior, retratando a preocupação com o meio ambiente. A variável média de horas de treinamento por colaborador está ligada à categoria Social, identificando a preocupação da empresa, com práticas trabalhistas e trabalho decente. Quanto ao modelo DEA, optou-se pelo Retorno Variável de Escala (BBC/VRS), em atenção aos diferentes tamanhos das DMUs analisadas, o que significa que os outputs aumentam ou diminuem em proporção diferente que os inputs. A partir deste modelo, a redução ou aumento no insumo não representará a mesma variação no produto. A ferramenta DEA também possibilita ao pesquisador escolher pela orientação do modelo. Neste estudo optou-se pela orientação aos produtos (outputs), com base no entendimento de que as empresas, uma vez que participam do ISE, e publicam seus relatórios de sustentabilidade no modelo GRI, voltam-se cada vez mais para os resultados sustentáveis, buscando maximizar seus outputs. A Figura 2 representa as variáveis, o modelo e a orientação. # Fonte: Elaboração própria, 2020 # Resultados, Análise e Discussões Por meio da Análise Envoltória de Dados, buscou-se analisar a eficiência sustentável das empresas que participam do ISE, que publicam relatórios de sustentabilidade e, que utilizam o modelo e as diretrizes estabelecidas no GRI. Foram consideradas as empresas participantes do ISE nos anos de 2015, 2016 e 2017. As trezes empresas que participam da amostra são de setores distintos, e possuem diferentes números para cada uma das variáveis utilizadas nesta pesquisa. Para entender um pouco mais sobre os dados, foi organizada a Tabela 1 e a Figura 4. Na Tabela 1 as variáveis, receita líquida, valor adicionado distribuído e redução no consumo de energia, apresentam maior distância entre a média e o valor máximo, que entre a média e o valor mínimo. Essas mesmas três variáveis, na Figura 4, possuem ao menos um outlier. A DMU 13 apresentou valores bem acima das demais, tanto para a variável "receita líquida", quanto para "valor adicionado distribuído". Quanto à variável "redução no consumo de energia em comparação ao ano anterior", os valores foram afetados pela DMU 10. A variável "média de horas de treinamento por colaborador" não apresentou outlier, nem cizânia entre o valor mínimo e a média, ou entre a média e o valor máximo. Quanto a variável 'média de horas de treinamento por colaborador', os dados estão concentrados entre o segundo quartil (mediana) e o terceiro quartil, enquanto nas outras três variáveis tal concentração não fica tão evidenciada. Isso representa que o tempo dedicado ao treinamento de colaboradores das empresas é bem similar. Pode-se inferir que as empresas participantes do ISE possuem padrões de treinamentos. Na busca por identificar a eficiência sustentável das empresas participantes do estudo, os valores foram inseridos no sistema SAED, que apresentou o resultado conforme indicado na Tabela 2. Os resultados apresentam as empresas que atingiram a eficiências e aquelas não eficientes. # Fonte: Resultado da pesquisa, 2020 Por meio dos cálculos apresentados no Quadro 2, é possível identificar que a análise envoltória de dados fornece valores-meta, que as DMUs ineficientes precisam alcançar para atingir a eficiência. A diferença é encontrada comparando os valores observados com os valores projetados para cada variável. Cada DMU pode analisar quais os níveis de input e output possibilitam atingir a eficiência. Por exemplo, a empresa Eletropaulo -DMU 7precisaria aumentar em 8,05% o valor adicionado distribuído e também em 8,05% a média de horas de treinamento por colaborador, para atingir a fronteira da eficiência sustentável. Para tanto, ela tem como referência as DMUs 12, 13 e 1, que podem servir de exemplo quanto à utilização de estratégias e recursos internos. Outro exemplo é a DMU5 (Duratex), considerada a mais ineficiente, que precisaria aumentar em 98,9% o valor adicionado distribuído, e a redução no consumo de energia, e ainda, as horas médias de treinamento dos colaboradores. Ela pode utilizar como referência as DMUs 12, 13, 10 e 1. Dentre as empresas que atingiram a eficiência sustentável, duas pertencem ao ramo de energia, uma ao segmento de comunicações e uma ao campo de celulose/papéis. Nota-se diversidade, indicando que é possível para as organizações, dos mais diversos ramos, trabalharem para atingir a eficiência sustentável. Tais resultados aproximam-se daqueles encontrados por Beuren, Nascimento e Rocha (2013) visto que no estudo desses autores, dentre as empresas que alcançaram a eficiência, houve destaque para aquelas do ramo de energia. Ainda com base no Quadro 2, considerando as DMUs que não atingiram a fronteira da eficiência, identifica-se que o produto 2 (variável ambiental) apresenta o menor quantitativo de DMUs (cinco) com diferenças entre o valor observado e o valor projetado. O produto 1 (variável econômica) e o produto 3 (variável social) apresentam diferenças em todas as DMUS. Procedendo outra análise, ao somar essas diferenças e dividindo pelo número de DUMs ineficientes (nove), identifica-se que a variável ambiental apresenta média de 23,60%, enquanto a variável econômica apresenta 54,12% e a social 70,09%. V. # Considerações Finais O objetivo principal deste estudo foi analisar a eficiência sustentável das empresas que integram o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e publicam seus relatórios de sustentabilidade seguindo as diretrizes do Global Reporting Initiative (GRI). Para isso, utilizou-se o método DEA, que se mostra uma metodologia consistente de análise de desempenhos relativos. Para a correta utilização do método, foi necessário coletar as informações disponíveis nos relatórios de sustentabilidade de cada empresa. Com base neste estudo cada empresa pode analisar quais os níveis de insumo (input) e produto (output) possibilitam atingir a eficiência sustentável. Ao mesmo tempo auxilia os gestores a identificarem fragilidades nos seus processos, principalmente daquelas empresas que não atingiram a eficiência sustentável. Os gestores das empresas ineficientes podem traçar estratégias com base nas decisões e estratégias das empresas que atingiram a eficiência. A partir deste estudo conclui-se que as empresas que participam do ISE publicando seus relatórios de sustentabilidade no formato GRI não são homogêneas, isto é, apresentam diferenças significativas na forma como gerenciam seus insumos, na busca por atingir a eficiência sustentável. Também se verificou que publicar o relatório de sustentabilidade, seguindo diretrizes internacionais, e participar de um índice de sustentabilidade, não é garantida para uma organização possa atingir a eficiência sustentável. Uma vez que a DEA compara DMUs idênticas, isto é, trata com igualdade todas as unidades de tomada de decisão, aponta-se como um limitador do estudo, a utilização de companhias de setores distintos. Para estudos futuros sugere-se uma comparação de resultados em anos diferentes para verificar se o desempenho sustentável é constante ou pontual. Podese ainda verificar os motivos que levam uma empresa a ser eficiente em um período e ineficiente em outro, ou vice-versa. Ainda é possível, em estudos futuros, utilizar variáveis distintas daquelas utilizadas nesta pesquisa, ou ainda concentrar-se somente em empresas de um mesmo setor. 2![Figura 2: Variáveis, modelo e orientação da Análise Envoltória de Dados Esta pesquisa está estruturada em quatro etapas distintas apresentadas na Figura 3.](image-2.png "Figura 2 :") 3![Figura 3: Protocolo da Pesquisa](image-3.png "Figura 3 :") ![](image-4.png "") ![](image-5.png "") A abordagem teórica deste estudo busca identificar aspectos relevantes sobre sustentabilidade, índice de sustentabilidade empresarial, relatórios de sustentabilidade baseados no Global Reporting Initiative e, eficiência visando atingir o melhor desempenho. c) Global Reporting Initiative relevante aumento de adesão por parte de empresas compromissos com a sociedade, vem consolidando sua responsabilidade com o aprimoramento de boas práticas de governança corporativa das empresas, voltadas à sustentabilidade (BM&FBOVESPA, 2020). Utilizada em várias partes do mundo, o estabelecimento de índices, é uma das formas de acompanhar os impactos dessas práticas. Nesse sentido, a BM&FBOVESPA em parceria com outras instituições, lançou o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), considerado o primeiro da América Latina e o quarto indicador deste tipo no mundo (MARCONDES; BACARJI, 2010). O ISE busca mostrar para o mercado, o desempenho de uma carteira de empresas que adotam os princípios da gestão sustentável (SILVA et al., 2015). Isto é, auxilia as empresas a acompanhar os impactos das suas decisões nas esferas econômica, social e ambiental. A criação dos índices de sustentabilidade teve início nos anos 90. O primeiro foi o Domini 400 Social Index, seguido pelo Dow Jones Sustainability Indexes (DJSI) (MARCONDES; BACARJI, 2010; SILVA et al., 2015). Posteriormente foi elaborado o FTSE4Good, no ano de 2001, o Johannesburg Stock Exchange (JSE) e o Índice de Sustentabilidade Empresarial -ISE (MARCONDES; BACARJI, 2010; SILVA et al., 2015). Cada um desses índices, por diversos motivos, tem características e peculiaridades próprias. Para a construção do ISE foram três anos de trabalho, parcerias, trocas de ideias e debates sobre questões sociais, ambientais e econômicas, com a participação de empresas, investidores e universidades (MARCONDES; BACARJI, 2010). O trabalho em sustentabilidade com base nas diretrizes GRI, notou-se europeias já produzem seus relatórios de PREUSS; LEE, 2015). Enquanto a maioria das empresas seus relatórios de sustentabilidade (BARKEMEYER; ligada às organizações sem fins lucrativos dos Estados Unidos, Coalition for Environmentallly Responsible Economies (CERES) e o Tellus Institute, com o envolvimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O objetivo principal era criar um mecanismo de responsabilização, para garantir que as empresas seguissem os princípios CERES, para uma conduta ambiental responsável. Em 1998 o escopo da GRI passou a incluir também questões sociais, econômicas e de governança (GRI, 2016). No ano de 2006, a GRI lançou a terceira Geração (G3) de diretrizes para os relatórios de sustentabilidade e em 2014 a quarta Geração (G4). No ano de 2016, a GRI instituiu os primeiros padrões globais de relatórios de sustentabilidade, possibilitando às empresas, informar publicamente os impactos e contribuições ambientais, econômicos e sociais. Os padrões GRI incluem os principais conceitos das diretrizes apresentadas no G4, com uma estrutura mais flexível, requisitos mais claros e linguagem mais simples (GRI, 2020). A GRI ao fornecer diretrizes para a elaboração dos relatórios, busca promover a transparência organizacional e a responsabilização, bem como o envolvimento das partes interessadas (VIGNEAU; HUMPHREYS; MOON, 2015). Embora tenha aumentado o número de normas internacionais ligadas à sustentabilidade, chegando a causar certa confusão, a GRI vem destacando-se como liderança (BARKEMEYER; PREUSS; LEE, 2015), inclusive em publicações acadêmicas (VIGNEAU; HUMPHREYS; MOON, 2015). Milhares de empresas já adotaram e outras vêm adotando as diretrizes GRI para orientar conjunto foi necessáriorespondendo um questionário estruturado sob quatro asiáticas e latino-americanas (LÄHTINEN; MYLLYVIITA, a) Sustentabilidade A ação empresarial orientada sustentabilidade, tanto organizacional, voltada à sustentabilidade, requer que a organizações ultrapassem o imediatismo, desenvolvendo planejamento de curto, médio e longo prazo. Faz-se necessária a capacidade para lidar com vantagens e desafios que se apresentam diariamente, tanto interna, quanto externamente. É preciso desenvolver tecnologias que possibilitem produzir mais e melhor, gerando o menor montante possível de resíduos. (JOSENDE PAZ; MAHALMANN KIPPER, 2016). Uma empresa, para ser sustentável depende de si e do envolvimento das pessoas que a constitui. Wals e Schwarzin (2012) em seu estudo indicam que a sustentabilidade surge e depende das pessoas, que estão envolvidas com a organização, e sugerem que essas pessoas necessitam aprender os conceitos que envolvem o tema. Pessoas capacitadas podem então ser integradas na construção dos planos institucionais que tem por finalidade atingir a sustentabilidade (JOSENDE PAZ; MAHALMANN KIPPER, 2016). As práticas sustentáveis não se constituem em pequenas e fragmentadas ações (FUKUSHIMA et al., 2017). Precisam ser disseminadas ao longo da cadeia produtiva, podendo vir a constituir-se, inclusive, em fonte para o desenvolvimento de estratégias organizacionais (FUKUSHIMA et al., 2017). Contudo, a implantação de estratégias adequadas, com base sustentável, ainda apresenta questões abertas, emergindo como de grande interesse para a ciência e a prática organizacional (MAY; STAHL, 2016). A sustentabilidade apresenta-se como uma questão estratégica para as empresas que buscam espaço e desenvolvimento no mercado, todavia não há clareza quanto aos benefícios que as organizações possam conquistar, ao integrar este conceito nos seus projetos (MARTINS; LIMA; COSTA, 2015). Um dos principais desafios às organizações é conquistar valor econômico, e ao mesmo tempo, manter atenção à esfera ambiental, reduzindo ao máximo o impacto, bem como voltar-se às questões sociais ao seu redor, oportunizando melhorias na sociedade (BOCKEN et al. dimensões: econômico-financeira; governança corporativa; responsabilidade social; e responsabilidade ambiental (, 2013; MARCONDES; BACARJI, 2010). Por meio do ISE busca-se aproximação com as questões relativas ao desenvolvimento sustentável atual da sociedade e estimular as iniciativas éticas das corporações (ISE, 2019). Segundo o ISEB3 (2019) as empresas podem participar do ISE em três categorias existentes: (i) elegível; (ii) treineira; (iii) simulado. Na primeira categoria as empresas podem integrar o ISE e requer o completo preenchimento do questionário disponibilizado, bem como apresentação de evidências. Na segunda categoria as empresas, respondem o questionário, mas não apresentam evidência, não integrando a lista do ISE. Na terceira categoria a participação é totalmente desvinculada do processo de seleção, possibilitando às empresas complementar informações de relatórios anteriores. Integram o ISE as 200 ações mais líquidas da bolsa de valores do Brasil (ISE, 2019). Percebe-se que as empresas passaram a ser incentivadas a organizar e publicar relatórios de sustentabilidade, cuja estrutura está voltada às a ser premiadas pelas boas práticas. condenadas pelas práticas não sustentáveis, passaram crítico. Desta forma a atenção diminui ao serem questões sociais, ambientais e econômicas, com olhar Unidos, mais precisamente em Boston. Sua origem está O mercado de capitais brasileiro, mantendo A GRI foi fundada no ano de 1997, nos Estados b) Índice de Sustentabilidade Empresarial -ISE THOMSON, 2016). empresa (KAISER, 2007). Trabalhar com a atenção 2015; SARTORE, 2012; MARCONDES; BACARJI, 2010). para organizar seus relatórios (ISLAM; JAIN; e colaborativa, cooperando com o crescimento da das organizações com a sustentabilidade (SILVA et al., empresas vêm adotando os princípios estabelecidos los a desempenhar suas funções de forma mais precisa -ISE (Brasil) -buscando identificar o comprometimento lançada pela GRI no ano 2000 e, desde então, mais efeitos nas atitudes dos empregados, podendo motivá-(África do Sul) e, Índice de Sustentabilidade Empresarial ser apresentadas. A primeira versão das diretrizes foi Ações em prol da sustentabilidade causam Exchange -Socially Responsible investment -JSE-SRI devem ser estruturados e quais informações precisam guiar o caminho da organização (KAISER, 2007). (EUA), o FTSE-4Good (Inglaterra), Johannesburg Stock estabelece diretrizes que definem como os relatórios de honestidade, transparência e imparcialidade devem construídos, -Dow Jones Sustainability Indices -DJSI tendo como foco os relatórios sustentáveis. A GRI ambiental e social é o objetivo, sendo que os princípios vários índices de sustentabilidade passaram a ser fins lucrativos que busca promover a sustentabilidade, quanto (Silva et al., 2015). Seguindo uma tendência global, Global Reporting Initiative (GRI), uma organização sem econômico da empresa. Alcançar o equilíbrio da metodologias e ferramentas cada vez mais complexas finalidades. Um dos mais conhecidos baseia-se na para os clientes, funcionários e o retorno financeiro e algumas instituições começaram a desenvolver acessados, conhecidos e comparados para diferentes manter uma equidade entre os benefícios que gerará sustentável? Na busca por entender tal questão, Tais relatórios possibilitam que os dados sejam obtenha melhor desempenho. Ela orienta atos e ajuda a Mas, o quanto uma empresa pode ser permitindo maior fidelidade às informações expostas. sustentabilidade pode contribuir para que uma empresa das pessoas. indicadores acordados nacional ou internacionalmente, à 2014) e/ou mitigando os impactos negativos na vida Alguns relatórios de sustentabilidade possuem 2015). Fica destacado que a eficiência sustentável foiAo verificar a relação entre o nível dealcançada pelas DMUs 13 (Telefônica Brasil), 12evidenciação ambiental e o desempenho econômico de(Klabin), 10 (Engie Brasil Energia) e 1 (AES Tietêempresas de capital aberto, classificadas no Guia VocêEnergia). Neves Júnior et al., (2012) já destacavam queS/A, Beuren, Nascimento e Rocha (2013) tambéma partir dos cálculos da DEA, os resultados geradosapontaram a empresa Aes Tietê S.A como eficiente. Ospossibilitam a identificação das empresas, queautores identificaram também a empresa CPFL Energiaapresentam eficiência no desempenho sustentável, acomo eficiente, resultado diverso do presente estudo,partir da melhor utilização possível dos recursos,onde a mesma ficou classificada como ineficiente.gerando resultados superiores, voltados para asPoderia ainda ser identificada, dentre as DMUsdimensões social, econômica e ambiental. A busca poreficientes, qual a mais eficiente, rodando o cálculo damelhor desempenho sustentável pelas empresas, deve-fronteira eficiente invertida. Contudo, optou-se por nãose, em especial, ao grau de importância que o temarealizar tal procedimento, pois não é objetivo dosustentabilidade recebeu. Muitas empresas passaram aestudo.adotar e publicizar práticas considerando as dimensõesO Modelo DEA, a partir da análise dossocial, economica e ambiental.resultados, forneceu metas que devem ser alcançadasSegundo Costa e Boente (2011) as empresas,pelas empresas consideradas ineficientes para queespecialmente aquelas que operam na Bolsa deatinjam a eficiência. Essa meta é calculadaValores e integram a Carteira do ISE, buscam por meiocomparando o valor observado e o valor projetadoda sustentabilidade que desenvolvem, permanecer noindicando a melhoria necessária (FARIA; JANNUZZI;31mercado. Essa realidade é identificada por Figueiredo e Araújo (2016) ao apontarem que no período de 2011 a 2013, as empresas que integram o ISE, apresentaram desempenho contábil-financeiro, estatisticamente superior, àquelas que não o integram. Quadro 2: Resultados do modelo DEA pelo Retorno Variável de Escala SILVA, 2008). O Quadro 2 apresenta o resultado a partir do modelo rodado no software SAED. DMU Insumo (receita líquida) Produto1 (Valor Adicionado Distribuído) Produto2 (Redução no Consumo de Energia) Produto3 (Média Horas Treinamento por Colaborador) DMUs Referências O P D O P D O P D O P DVolume XX Issue IX Version I13DMUS que atingiram a fronteira da eficiência 42508459 42508459 0 32400000 32400000 0 0.02 0.02 0 78.4 78.4013( H )127090798 7090798 0 10831390 10831390000048.09 48.09012109442371 9442371 0 4199700 4199700034.9 34.94041.42 41.4201011561348 1561348 0 1053758 1053758099046.31 46.3101DMUS que não atingiram a fronteira da eficiência313101753 13101753 0 12746600 13032520 2,24%88.182,2%48.851,86,15%1, 12, 13711659899 11659899 0 10045119 10854236 8.05%03.88049.353.278.05%12, 13, 1419112089 19112089 0 15514500 18152103 17.00%00.01048.058.3821.6%12, 131112300784 12300784 0 6582000 9275118 40.92%06.64046.2954.7318.2%1, 139Tabela 2: DMUs segundo a eficiência sustentável 7912664 7912664 0 2009000 5883555 192.8% 5.88 7.92 34.6% 38.051.1634.6%1, 10, 132 8ORDEM DMU 9996067 9996067 0 7908881 10868611 37.42% 5.6 9645237 9645237 0 8231432 12386990 50.48% 07.7 SCORE 37.4% 0 015.4 24.747.6 50.28209% 103%10, 12, 13 12, 1361 2828996 2828996 0 1507500 2098840 39.23% 8.07 11.24 39.2% DMU13 119.945.89130%1, 10, 121 3909760 3909760 0 1657400 3297448 98.95% 4.9 DMU12 1 DMU10 Legenda: O = Observado; P = Projetado; D = Diferença 59.75 98.9% 1 123.646.9598.9%1, 10, 12, 131DMU112DMU30,978063DMU70,925464DMU40,854695DMU11 0,845846DMU90,742387DMU20,706978DMU80,664529DMU60,6368710DMU50,49942Fonte: Resultados da Pesquisa, 2020 © 2020 Global Journals * A Closer Look at the? 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