# I. Introduction Internet ressignificou e vem ressignificando a forma de funcionamento da língua(gem). Esse deslocamento promoveu, no âmbito da constituição, formulação e circulação de imagens, uma diferente forma de apropriação e circulação da fotografia no espaço digital; estamos nos referindo a selfie. Impactada diante deste material, dado seu ineditismo e sua acelerada propagação, incluindo pessoas de todas as idades, promovendo status de celebridades para alguns, polêmicas para outros, e, ainda, as que causam a própria morte, e não havendo condições de ler, interpretar e compreender um objeto tão abrangente, a motivação dessa pesquisa foi a necessidade de reflexão sobre essa prática, em que, a partir da descrição e análise de um corpus organizadoas selfies -mostrou-se o modo como o sujeito contemporâneo se significa nas condições da vida digital. As compreensões acerca da prática da selfie são resultantes da análise que desenvolvemos ao longo de uma pesquisa de mestrado que teve como objeto de estudo um conjunto de selfies selecionadas pela grande repercussão midiática que obtiveram, pois sabemos que quando acessamos as redes sociais, nos deparamos com o fenômeno da "proliferação" de selfies em circulação. Encontramos selfies coletivas, individuais, outras com animais (gato, cachorro, etc.), selfies em locais perigosos, entre outras. Selfie é uma modalidade de imagem fotográfica, em que, o fotógrafo, tira/faz foto de si mesmo, para pôr em circulação a partir da conectividade permitida pela Internet. Essa prática se tornou possível a partir do momento em que um conjunto de tecnologias alcançou certo patamar de desenvolvimento na sociedade. Referimo-nos ao surgimento e posteriores desenvolvimentos da Internet, das câmeras fotográficas, e a inserção destes, nos aparelhos de telefonia móvel. O gesto de enquadramento de si não se originou no surgimento da selfie, é um gesto que se ressignificou, ocupando outro espaço que são as redes sociais, por meio de aparatos digitais. O que pode ter mudado neste aspecto é o posicionamento e consequentemente o ângulo selecionado para a reprodução da imagem de si, devido ao surgimento do dispositivo móvel. Mas, muito além disso, a mudança está atrelada ao contexto histórico, político e ideológico, que tem relação direta com as práticas de linguagem. Para traçar a historicidade do gesto da selfie, apresentamos dados biográficos de artistas/pintores e alguns registros (em tela e câmera fotográfica) que consideramos constituir uma memória discursiva da selfie. Ressaltamos que, discursivamente, a memória não é compreendida no sentido psicologista, mas sim enquanto memória social, espaço dos já-ditos. A memória discursiva funciona como sendo o universo do dizível, pelo movimento histórico dos sentidos. "Na realidade, embora se realizem em nós, os sentidos apenas se representam como originando-se em nós: eles são determinados pela maneira como nos inscrevemos na língua e na história [...] (ORLANDI, 2009, p. 35). Dentre os artistas/pintores selecionados para contextualizar a descrição e interpretação da memória discursiva da selfie, apresentamos, inicialmente, o pintor holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669), considerado um dos maiores da arte europeia. Tornou-se referência, porque suas pinturas exploravam a potência da luz e revelavam o domínio que possuía no esforço da representação mimética da realidade. Seu nome é também considerado sinônimo do autorretrato, pois foi o pintor que mais se autorretratou, sendo sua imagem vista em pelo menos 30 gravuras, 12 desenhos e 40 pinturas produzidas em diferentes fases de sua vida. Vejamos algumas delas: Outra artista plástica que se destacou pelos autorretratos produzidos foi Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón . Uma mulher cuja nacionalidade é de origem mexicana. Sua trajetória na pintura teve início aos dezoito anos de idade, após sofrer um grave acidente e ter todo seu corpo perfurado. A idade na qual Frida adentrou no universo da arte chama a atenção, pois se difere do processo de inserção de outros renomados pintores, que ainda na infância, começaram a explorar a habilidade na arte da pintura. Frida Kahlo, ao longo de sua vida, foi acometida por graves problemas de saúde, porém nada disso foi empecilho para se destacar na história, na política e na arte. Mas para essa pesquisa, em específico, nos interessa trazer sua relação com a pintura. Frida pintou inúmeras vezes o seu rosto,mas seus autorretratos comumente traziam algum elemento que os diferenciava dos demais autorretratos de sua época. Suas pinturas eram carregadas de cores fortes e imagens instigantes. Conforme podemos ver abaixo: Outro exemplo que podemos trazer para nossa reflexão refere-se a Vincent Willem Van Gogh (1853-1890). Somam-se mais de 43 produções, todas elas foram criadas em apenas quatro anos, no período que vai de 1885 a 1889, pouco antes de sua morte. O gesto de se autorretratar em Van Gogh tinha como objetivos estudar a si mesmo, em momentos de introspecção ou quando lhe faltavam modelos. As datas de cada produção de seus autorretratos coincidem com momentos importantes ocorridos na vida profissional do artista. Apresentamos abaixo alguns de seus principais autorretratos: Figura 03: Montagem de autorretratos de Vicent van Gogh. Disponível em:Acesso em: 15Ago. 2018. Na área da fotografia, no período de 1839, tivemos o primeiro autorretrato fotográfico produzido por Robert Cornelius (1809-1893), um alemão, emigrado em Filadélfia nos Estados Unidos da América. Figura 04: Imagem considerada o primeiro autorretrato fotográfico. Disponível em: Acesso em: 30Ago. 2017. A constituição dos sujeitos varia de acordo com a conjuntura sócio histórica e política na qual estão inseridos, podendo, nesse sentido, ser afetada pelas tecnologias de cada período da história. Nesse momento, estamos falando em tecnologia em sentindo amplo, incluindo não somente a criação de objetos eletrônicos, mas todas, inclusive a escrita, porque isso faz parte da história. O que queremos dizer neste ponto, é que quando surgiram os primeiros autorretratos em tela, por exemplo, ainda não existia a máquina fotográfica, Internet ou smartphone. Desse modo, temos condições para afirmar que, no caso de Rembrandt, que se autorretratou por aproximadamente 100 vezes, no ano de 1600, ao olhar para o espelho e expor na tela sua imagem através da pintura, produz um gesto que não pode ser considerado o mesmo que estrutura a selfie, especificamenteem sua relação com a circulação, pois Orlandi (2012, p. 11-12) explica que: "[...] os "meios" não são nunca neutros. Ou seja, os sentidos são como se constituem, como se formulam e como circulam (em que meios e de que maneira: escritos em uma faixa, sussurrados como boato, documento, carta, música etc.)". Assim também acontece com os autorretratos fotográficos que surgiram a partir de 1839. O gesto de produzir um olhar para si e se registrar nestas duas práticas mencionadas está sustentado em formações imaginárias diferentes das da selfie. Não podemos negar que há algo que se mantém, como o exercício de olhar-se e se reproduzir, mas a finalidade da selfie é outra, sendo sustentada pelo imaginário da circulação, nas condições de produção do sistema capitalista. A prática do autorretrato (como realizada pelos pintores já citados) não se inscrevia nos modos de circulação como acontece na atual conjuntura (século XXI), pois as condições de produção não eram as do discurso digital, cuja circulação, garantida pela fluidez das redes sociais, ainda não existia. A memória discursiva do autorretrato permitiu o surgimento da selfie. Entretanto, por essa prática estar voltada ao espaço das redes sociais -lugar que institui o que Orlandi (1996) chamou de memória metálica, onde a significação se dá pela atualização e circulação -o sujeito é interpelado a fazer várias selfies para se manter visível nas redes sociais. Para a autora, a memória metálica apaga a memória histórica e ressalta que a primeira está para o que a mídia faz com a linguagem. Em específico, analisa o funcionamento da Tevê afirmando ser este um lugar da produtividade e não da criatividade, pois "no processo criativo, no que diz respeito à linguagem, há um investimento no mesmo, mas que desloca, desliza, trabalhando o diferente, a ruptura." (ORLANDI, 2012, p.179-180), sendo este processo estruturado pelo interdiscurso, a memória do dizer. Já a produtividade trabalha no oposto, onde o foco "não se trata de produzir a ruptura, mas a quantidade, a reiteração do mesmo produzindo a ilusão do diferente, o variado". (Idem). Ainda no estudo de Orlandi, sobre criatividade e produtividade, entendemos que a selfie se configura nessa tensão. Num primeiro momento, temos o gesto da selfie se inscrevendo no âmbito da criatividade, quando o "gesto do autorretrato" é trazido para os dispositivos digitais, ou seja, tem-se o investimento no mesmo, mas desloca, desliza de autorretrato, e instala o diferente: a selfie. A ruptura é que o registro de si deixa de ser algo possível apenas com uso do pincel e da tela. O deslizamento se dá no momento em que essa prática se insere em outro lugar, além de uma tela fria de um ateliê, passando a existir no online a partir dos dispositivos móveis do meio digital. Entendemos esse processo como algo da ordem da criatividade, referente ao ponto de vista do sujeito contemporâneo. No entanto, o lugar para o qual o gesto é trazido segue o funcionamento da mídia apresentado por Orlandi quando fala sobre o que a Tevê faz com a linguagem. São espaços dizíveis cujo objetivo é a quantidade, a reiteração do mesmo para a ilusão do diferente sem que haja rupturas. O lugar do qual estamos nos referindo é o das redes sociais; lugar sustentado pela circulação, onde o foco é a produtividade. Assim, a circulação (quantidade) faz com que ocorra o apagamento da criatividade. A própria criação da selfie já lhe tira dessa condição quando projetada para a circulação. Apagase a memória histórica da prática, que seria da criatividade, e desse lugar da criatividade abre-se espaço para a produtividade quando a selfie passa a se inscrever em outro espaço de significação que é o das redes sociais, lugar de determinação dos sentidos por meio de ferramentas como os filtros, que buscam enxugar a movência dos sentidos. A partir do momento em que se cria um perfil nas redes sociais e se passa a acessá-las através dele, independente se estará disponível (online) ou invisível/indisponível (off-line) o sujeito é instado a movimentar seu perfil através da realização de postagens de diferentes ordens, pela escrita, por fotos e etc., pois ao postar, o perfil entrará na forma de organização da circulação nas redes sociais e desse modo esse perfil será conhecido dos demais, essa é a condição de se tornar "conhecido" na rede. Se não postar, as outras postagens vão ofuscando o perfil estanque da e na rede. Funciona semelhante ao jargão "quem não é visto não é lembrado". Desse modo, a forma de organização desse meio de circulação que são as redes sociais na Internet está condicionada ao movimento de quanto se posta, curte, comenta, compartilha e reage. É por essa configuração que a rede se mantém. Dado a esse chamamento para postagens, esse efeito ideológico das redes sociais dá lugar à produtividade, sendo uma das formas de manter em evidência o perfil de forma rápida. Por essa razão existe também nas redes a "variedade do mesmo em série" (ORLANDI [1996], 2014, p.180). Nesta perspectiva, a autora exemplifica o efeito de série na mídia televisiva, levando em consideração as novelas. Há anos assistimos a mesma novela (de um lado, os ricos, morando nos grandes prédios, condomínios, de outro, os pobres, vivendo nas vilas e que circulam uns entre os outros e que se enredam e acabam se envolvendo etc), em vários cenários (São Paulo, Rio de Janeiro, Nordeste etc) representada por variados atores, construindo variadas personagens, em variados horários (das 6, das 7, das 8hs.. # .). (Idem). Nas redes sociais o efeito de série pode ser exemplificado nas selfies de diferentes pessoas, em que a estrutura é a mesma, onde o ângulo principal é sempre o rosto, o braço estendido, normalmente sozinho ou em grupo e algumas chamando a atenção para um segundo plano, dando visibilidade a uma paisagem ou algo que queiram apresentar. O efeito de série também está nas várias selfies da mesma pessoa, as paráfrases de si, seguindo o ritual de reprodução do mesmo, pois "não se sai do mesmo espaço dizível, se explora a sua variedade, as suas múltiplas formas de apresentar-se." (ORLANDI, 2014, p. 180). Nessa direção, apresentamos uma imagem que circulou no Facebook, que salta aos nossos olhos como uma paráfrase do que dissemos sobre o estar nas redes sociais. Além disso,esta imagem foi produzida inscrita criticamente na relação com o gesto da selfie. Vejamos: A imagem apresentada foi publicada na condição de post pela página "Artes Depressão". Essa página teve início em 2012, sendo categorizada pelos próprios criadores como um site de entretenimento, de artes e humanidades em que o lema é: "A gente não quer só comida. A gente quer comida, humor, diversão e arte!" Foi neste espaço que encontramos esta imagem, que diz respeito a René Descartes (1596-1650). Um filósofo, físico e matemático francês conhecido também por seu nome latino Renatus Cartesius, considerado pai do racionalismo, sendo conhecido como um dos precursores desse movimento. A imagem faz uma adaptação da pintura realizada por FransHals e uma paráfrase da tradução portuguesa do "Cogito, ergo sum": "Penso, logo existo". Esse foi considerado um dos princípios básicos da ciência moderna. Como já dissemos, essa imagem imbricada com o verbal reitera o sentido do que estamos propondo acerca do funcionamento da ideologia que rege as redes sociais, de que esse sujeito para existir neste lugar, precisa postar e assim a rede se constitui, o algoritmo já é programado dessa forma. Se não há postagem, o perfil quase não é visualizado, mas também é válido lembrar que a ideologia falha e que não são todos que estarão voltados à prática de postar sempre. Temos o enunciado central, que faz referência a célebre expressão de R. Descartes. Em seguida, no rodapé da imagem, abre-se, ou melhor, lê-se o seguinte enunciado, em forma de legenda: Mas descartes algumas antes. O enunciado apresenta, de início, uma conjunção adversativa seguida de outros termos que dão sentido à oração. A produção de sentidos para a palavra descarte funciona por metáfora na relação com o nome do filósofo René Descartes, que, levada em consideração seu aspecto morfossintático, seria um substantivo próprio, pois se refere ao sobrenome do filósofo. O deslizamento acontece no âmbito semântico, pois conforme o enunciado a palavra descarte é um verbo, que se apresenta no modo imperativo, produzindo o efeito de sentido da necessidade de um processo de seleção para as selfies antes de se realizar as postagens, ou seja, antes de colocá-las em circulação nas redes sociais. O jogo entre descartes-Descartes se sustenta em vários efeitos de pré-construídos. Alguns deles estão relacionados a quem foi René Descartes, que conforme já mencionamos, é considerado o pai do racionalismo, concepção esta que defende que o sujeito só existe porque ele pensa, ou seja, está nele a condição de sua própria existência, sendo o centro e o responsável por tudo que está relacionado a si mesmo. O racionalismo é uma corrente filosófica cujo princípio está voltado na busca pela certeza, defendem que é pela razão que se alcança a verdade. No post se produzem efeitos de sentidos de que na era das redes sociais só pensar não garante a "existência", pois é preciso, além de pensar, postar. É a ideologia da globalização e circulação funcionando. A partir da tese de Descartes, que é voltada a uma suposta lógica de existência, sentidos são ressignificados inscritos na demanda da globalização. "Penso, logo existo!" Posto, logo existo! Não é só fazer a selfie, assim como está no post, tem que postar no "Face", (esse processo também pode ser relacionado aos três momentos do discurso: Constituição, Formulação e Circulação).Porque a questão da circulação não é apenas algo que funciona e que é estruturante do espaço das redes sociais. A circulação, no modo como a estamos propondo, vai muito além disso, não é só uma característica que está na ordem do técnico, ela é muito maior. Estamos falando da ideologia do consumo que tem como princípio a circulação, e as redes sociais apresentam essa propriedade porque nascem no seio desta ideologia. Consideramos também que o texto da postagem traz exatamente o que se espera do processo de produção de uma selfie, principalmente quando inclui o crivo de seleção em que algumas precisam ser descartadas. Compreende-se que não é regra produzir apenas uma selfie e postá-la, há aí a possibilidade de dizer que comumente o sujeito pode produzir mais de uma e, em seguida, fazer uma leitura de si (processo da Formulação), para selecionar a que mais corresponde à sua projeção imaginária constituída e afetada pela ideologia capitalista, no que diz respeito ao consumo. Quando dizemos consumo, falamos sobre algo além de comércio, obviamente. Falamos sobre a infraestrutura material de produção e reprodução das relações econômicas na medida em que ela constitui também um modo de funcionamento superestrutural: falamos sobre o consumo como lógica de constituição das subjetividades (PEQUENO, 2014, p.70). A questão do consumo está para além do comércio em si. Na realidade ela é ideológica e, assim sendo, tem feito parte da constituição das subjetividades na forma sujeito histórica capitalista. A motivação da prática da selfie não é exatamente de cunho comercial (no sentido de que todo aquele que a pratica visa fins lucrativos) e sim uma interpelação ideológica que envolve sujeitos, independentemente da classe social. Desse modo compreendemos como a constituição das subjetividades, dentro desse contexto histórico e político, é afetada pela estrutura ideológica de consumo. Por isso, sem perceberem estão em busca da circulação, ou seja, daquilo que promoverá a visibilidade dessa imagem fotográfica. # II. Considerações Finais Para empreendimento de nossa discussão é fundamental ressaltar que essa pesquisa possibilitou algumas compreensões acerca do funcionamento da selfie por uma perspectiva discursiva, diferentemente do modo como é vista por outras áreas, pois mostra a relação do sujeito com a língua e a história. O que nós procuramos dar visibilidade é que o gesto também é linguagem, e que se significa por sentidos já historicizados. Recorremos as palavras de Orlandi, onde o exemplo não é especificamente sobre o gesto, mas que nos permite compreender como ocorre em práticas de linguagem não-verbal. A memória, nesse domínio de reflexão, é o que chamamos interdiscurso, o saber discursivo, a memória do dizer, e sobre a qual não temos controle. Trata-se do que foi e é dito a respeito de um assunto qualquer, mas que, ao longo do uso já esquecemos como foi dito, por quem e em que circunstâncias e que fica como um já-dito sobre o qual nossos sentidos se constroem. O sentido por exemplo de família. Desde os mais remotos tempos, quanto já se disse a propósito da família... Como a palavra família já apareceu nas diferentes falas de pobres, ricos, remediados, servos, escravos, senhores etc, ao longo de toda nossa história? Nem sabemos como esses sentidos chegaram e continuam a chegar até nós nos diferentes dizeres que agora mesmo estão sendo produzidos sobre família. No entanto, quando falamos "família" temos a impressão de saber o que estamos dizendo. (ORLANDI, 2012, p. 180) Ao longo do trabalho objetivamos traçar a historicidade que sustenta a prática da selfie, para dar visibilidade à ideia de que o gesto de auto projeção não começa na atualidade.Trouxemos um exemplo que é a Volume XIX Issue IV Version I prática do autorretrato. A questão é compreender que a linguagem funciona neste jogo entre o mesmo e o diferente, ou seja, entre a paráfrase e a polissemia. Compreendemos que há uma repetição do gesto do autorretrato na prática da selfie, mas ambas não são exatamente a mesma coisa, pois a formulação e circulação de cada uma promove sentidos diferentes para quem as pratica/realiza e para aqueles que terão acesso a essas imagens em circulação. Ver um autorretrato exposto numa tela fria de um ateliê convoca interpretações diferentes das que ocorrerem ao ver uma selfie circulando em uma página nas redes sociais digitais. E do mesmo modo o imaginário do sujeito no momento em que se olha e escolhe o ângulo para se registrar e ter sua imagem circulando numa galeria de artes ou numa página de Fabebook, por exemplo, convoca olhares diferentes para si mesmo. Além disso esse jogo de auto projeção é algo da ordem do Significante, gesto marcado por outras formas de manifestação da linguagem, além da fala e da escrita, pois produz sentidos pelo olhar. Essa prática define o autorretrato, por exemplo, desde seu surgimento, assim como os exemplos dos pintores citados no trabalho. Porém, ressaltamos que na atual conjuntura essa prática comporta outros atravessamentos dada a produtividade da circulação. 02![Figura 02: Quadro de autorretratos de Frida Kahlo.Disponível em: Acesso em: 01 Jun. 2018.](image-2.png "Figura 02 :") ![Memory: I Think, Take a Selfie, Post it on Facebook, Therefore, I Am Volume XIX Issue IV Version I](image-3.png "") 05![Figura 05: Imagem postada na página "Artes Depressão". Disponível em: Acesso em: 13 Out. 2017.](image-4.png "Figura 05 :") ![](image-5.png "") Year 2019 © 2019 Global Journals © 2019 Global Journals * Análise do discurso: princípios e procedimentos -São Paulo EPOrlandi 2009 8 * Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. 4ª Edição. Campinas, SP: Pontes Editores _____ 2012 * _____ Interpretação; Autoria 1996. 2004 Vozes Petrópolis * Nos subsolos de uma rede: sobre o ideológico no âmago do técnico VitorPequeno 2015 Campinas, SP s.n. Dissertação de Mestrado * Show do eu: a intimidade como espetáculo PaulaSibilia 2008 Rio de Janeiro; Nova Fronteira * Link de acesso as imagens * Quadro de autorretratos de Frida Kahlo QuadroDe Autorretratos De Rembrandt 10 Jan. 2018. Jun. 2018 1 * Disponível em: Acesso em: 15 Ago MontagemDe Autorretratos De Vicent Van Gogh 2018 * em: 30 Ago. 2017. 11. Imagem postada na página "Artes Depressão Imagem Considerada O Primeiro Autorretrato Fotográfico em: 10 2017 13