Introdução m "Memórias, Sonhos e Reflexões", Jung (2016) revela que,após o rompimento na relação com Freud, ele começou a buscar uma nova forma de trabalhar com os seus pacientes. E para tanto, naquele momento, o que mais lhe interessava nessa nova postura profissional era compreender as fantasias e os sonhos através do olhar e dosignificado do paciente. Jung acreditava que havia descoberto algo muito importante para a análise dos conteúdos inconscientes,mas, ao mesmo tempo, demonstrou toda a sua fragilidade em relação à consciência de si em confronto com o próprio inconsciente: "Possuo agora a chave para a mitologia, e poderei abrir todas as portas da psique humana inconsciente". Ouvi, então, uma voz murmurar dentro de mim: "Por que abrir todas as portas?" E logo emergiu a interrogação sobre o que já havia realizado. Eu esclarecera os mitos dos povos do passado; escrevera um livro sobre o herói, este mito em que o homem sempre viveu. Jung contouque o tempo em que se dedicou a se conhecer, a desvendar o próprio inconsciente, através desuas fantasias, sonhos, imaginação ativa, arte e escrita, foram os anos mais importantes de sua vida: "Toda minha atividade ulterior consistiu em elaborar o que jorrava do inconsciente naqueles anos e que inicialmente me inundara: era a matéria-prima para a obra de uma vida inteira" (2016, p. 204). O presente artigo apresenta uma reflexão sobre a dor da alma, o sacrifício e a transformação experienciados pelo indivíduo no decorrer de sua vida, utilizando como base para a análise as imagens e as simbologias que compreendem o fogo, o amor e a flor de ouro escolhidas a partir da obra de "Os Livros Negros" de Carl Gustav Jung. "Os Livros Negros" abrangem os cadernos de transformação de Jung, desenvolvidos entre os anos de 1913 e 1932. Através deste estudo, então, buscam-se,a partir da compreensão eda integraçãodas imagens arquetípicas que envolvem o fogo, o amor e a flor de ouro e o processo de individuação do ser. O pensamento simbólico faz «explodir» a realidade imediata,mas sem a diminuir nem a desvalorizar; na sua perspectiva o Universo nãoé fechado, nenhum objeto é isolado na sua própria existencialidade: tudo se mantém coeso, por um sistema cerrado de correspondências, das assimilações (ELIADE, MIRCEA,1979, P.172). Sobre essaabertura ao mundo cheio de símbolos e significados, Eliade complementa dizendo que precisamos desvendar se pode ser uma forma de fuga ou uma forma de acessar "à verdadeira realidade do mundo" (p. 173). Para tanto, seria importante entendermos que o simbolismo, segundo Eliade (1979, p. 172), tem o poder de tornar o objeto ou a ação abertos, de forma que pode adicionar "um novo valor a um objeto ou a uma ação, sem portanto danificar os seus valores próprios e imediatos. A consciência de si e a transformação do homem desde o período das sociedades arcaicas se deramatravés de um "mundo aberto e rico de significados" (p. 173), em que o objeto se tornou sagrado, sem deixar de ser ele próprio. # II. As Imagens de O fogo que queima pode ser brando ou violento, podendo ter a característica de "cozinha e apocalipse", em que traz para as relações as qualidades de "bem-estar e respeito". Sendo assim, o fogo é "um deus tutelar e terrível, bom e mau. Pode contradizer-se, por issoé um dos princípios de explicação universal" (Bachelard, 1994, p. 12). O fogo pode ser aceso para nos aquecer, como uma lareira, para nos proteger do frio. E aprender a acender o fogo é considerado uma arte, pois não é tarefa fácil acender e aprender a manter o fogo aceso: "De fato, não me lembro de ter acendido um fogo antes dos dezoito anos. Somente quando vivi na solidão é que fui senhor de minha lareira" (Bachelard, 1994, p. 13). Para se relacionar com o fogo, também há a necessidade de saber senti-lo, sem querer tocá-lo. E, mesmo sem alcançá-lo com as mãos, "o fogo castiga sem a necessidade de queimar. Seja esse fogo chama ou calor, lâmpada ou fogão" (Bachelard, 1994, p. 17). Em outro momento, Bachelard (1994) nos convida aperceber o fogo a partir do complexo de Prometeu -que compreende a necessidade de a humanidade buscar a clareza em seus pensamentos, o "pensamento científico" (p. 18). E ainda complementa: "Saber e fabricar são necessidades que é possível caracterizar em si mesmas, sem colocá-las Sabe-se ainda que o fogo é capaz de revelar o mistério da eternidade, pois "oamor, a morte e o fogo são unidos num mesmo instante. Por seu sacrifício no coração das chamas". E ainda, o autor traz o pensamento de D'Annunzio, que diz que para reconhecer o saber intelectual, a lição do fogo é "após ter obtido tudo por destreza, por amor ou por violência, é preciso que cedas tudo, que te anules" (Bachelard, 1994, p. 27).O fogo pode aquecer, mas também pode queimar. Bachelard (1997, p. 93) diz que"quem brinca com fogo se queima, quer se queimar, quer queimar os outros". Fogo podeser cólera, paixão, arma de fogo. No ritual védico da construção de um altar ao deus Agni (Agni em sânscrito significa fogo), representam-sea posse do território e o estabelecimento da "comunicação com o mundo dos deuses" (p. 22). O espaço torna-se sagrado através da presença de Agni e, por consequência, acontece a sua cosmização, isto é, o que era 'Caos' torna-se 'Cosmos'. Diz-se que se está instalado quando se construiu um altar de fogo (gârhapaty a), e todos aqueles que constroem um altar do fogo estão legalmente estabelecidos (Shatapatha Brâhmana, VII, I, I, I 4) (ELIADE, MIRCEA, 1992, P. [21][22]. Este ritual também pode ser visto como a reprodução numa escala microcósmica da criação do Universo, em que a organização do Caos faz surgir o Cosmos, e do nosso planeta, em que a água molda a argila e juntas materializam a Terra. Consequentemente, a elevação de um altar do fogo -a única maneira de validar a posse de um território -equivale a uma cosmogonia. Um território desconhecido, estrangeiro, desocupado (no sentido, muitas vezes, de desocupado pelos "nossos") ainda faz parte da modalidade fluida e larvar do "Caos". Ocupando o e, sobretudo, instalando-se, o homem transforma-o simbolicamente em Cosmos mediante uma repetição ritual da cosmogonia. O que deve tornar-se "o nosso mundo", deve ser "criado" previamente, e toda criação tem um modelo exemplar: a Criação do Universo pelos deuses (ELIADE, MIRCEA, 1992, p. 22). Como já vimos, a criação do altar, na Índia, representa "arepetição da cosmogonia" (p. 39). Os textos ainda revelam que o "altar do fogo é o Ano", dizendo que os 360 tijolos de acabamento representam as 360 noites do ano e, que os 366 "tijolos y ajusmâti" aos 360 dias do ano (ShatapathaBrâhmana, X, 5, 4, 10 etc.). Dessa forma, Eliade (1992) O fogo da fé é o "fogo que purifica tudo" (Bachelard, 1994, p. 150), sua purificação se dá de forma muita profunda, pois queima todo o nosso mal, todo o supérfluo, todas "as ervas daninhas"; além disso, o fogo tem o poder "de engrandecer a terra" (p. 152). Além de tudo, o fogo é luz inesgotável que nos ilumina, que nos torna puros, assim como o amor. Ademais, Eliade (1992) diz que "o sagrado está saturado de ser" (p. 14), e, por isso, o homem, através do desenvolvimento de sua espiritualidade, deseja profundamente participar dessa potência sagrada, que envolve "realidade, perenidade e eficácia" (p. 14). O sagrado faz com que o indivíduo acesse a realidade e se impregne de poder. Já o confronto entre o sagrado e o profano "traduz se muitas vezes como uma oposição entre real e irreal ou pseudo-real" (Eliade, 1992, p. 14). Por outro lado, há a potência do profano. Então, a partir disso, temos uma oposição que se dá entre o sagrado, "um território habitado e organizado, portanto 'cosmizado', e o profano, visto como um "espaço desconhecido que se estende para além de suas fronteiras". Por um lado temos um "'Cosmos' e de outro um 'Caos'" (p. 14). Mas é preciso observar que, se todo território habitado é um "Cosmos", é justamente porque foi consagrado previamente, porque, de um modo ou outro, esse território é obra dos deuses ou está em comunicação com o mundo deles. O "Mundo" (quer dizer, "o nosso mundo") é um universo no interior do qual o sagrado já se manifestou e onde, por consequência, a rotura dos níveis tornou-se possível e se pode repetir. É fácil compreender por que o momento religioso implica o "momento cosmogônico": o sagrado revela a realidade absoluta e, ao mesmo tempo, torna possível a orientação -portanto, funda o mundo, no sentido de que fixa os limites e, assim, estabelece a ordem cósmica (ELIADE, MIRCEA, 1992, P. 21). Para finalizar a compreensão sobre os significados da simbologia do fogo, Campbell (1995, p. 149) diz que todos os hinos que exaltam Agni expressam a "confiança na capacidade do fogo ativo para abrir caminhos em toda parte em vista de sua vitória sobre a escuridão". # b) Imagem 127 -"amor triunfa" Imagem 127 -Livros Negros, Vol. I -p. 155 Na segunda imagem escolhida, aImagem 127, o título diz "amor triunfa": ao observá-lano sentido antihorário, no primeiro quadrante temos a imagem de Jesus morto na Cruz; no segundo quadrante, temos a imagem de um homem deitado sobre pregos, e a roda também dividida em quatro quadrantes sobre o corpo dele, com o ponto da cruz sobre o umbigo e o abdômen do homem ; no terceiro quadrante, temos o símbolo da árvore caindo com o corte de um machado;no quarto quadrante, temos a vaca morta pela faca, e ao fundo de toda roda, temos uma espécie de linhas pintadas em vermelho e ao fundo azul. As linhas lembram caminhos, raízes. Todas as imagens possuem um solo verde, aparentando um gramado, um pasto. Seria interessante saber por qual quadrante Jung começou a desenhar. E pode-se dizer que a roda pode representar uma mandala, com a ideia de unidade na totalidade. A roda participa da perfeição sugerida pelo círculo, mas com uma certa valência de imperfeição, porque ela se refere ao mundo do vir a ser, da criação contínua, portanto da contingência e do perecível. Simboliza os ciclos, os reinícios, as renovações (CHEVALIER & GHEERBRANT, 2012, P. 783). No primeiro quadrante, há a imagem de Cristo crucificado, Cristo morto na cruz. Cristo com o seu sangue derramado por nós, pelo perdão de nossos pecados, é o símbolo de maior entrega amorosae sacrifício pelos homens. No segundo quadrante, é apresentado um faquir deitando-se numa cama cheia de pregos pontudos.Essa imagem pode nos remeter à ideia de desconforto, dor, de sacrifício; e, ainda, com uma roda quaternária sobre seu abdômen e umbigo, podemos pensar sobre a passagem de tempo, o ciclo com o seu começo e fim. Ainda, na localização dessa roda quaternária sobre o faquir, percebe-se que a sua base se encontra sobre os chacras umbilical eplexo solar. No hinduísmo, ?iva e ?akti são potenciais divinos. ?iva/Shiva representa a consciência, a energia masculina. E ?akti/Shakti simboliza o princípio feminino, o movimento, o poder de ativação. É através do encontro dessas energias em movimento que se pode gerar luz e vida. O fenômeno da Kundalini é simbolizado através de uma serpente que envolve a espinha dorsal que dorme sobre o chakra raiz (mul?dh?ra). O segundo chakra, o umbilical (sv?dhih?na), também conhecido como o chakra da água, compreende os aspectos e as funções da força, da reprodução e da vitalidade física. Já o terceiro chakra, do plexo solar (maip?ra), também conhecido como o chakra do fogo, rege as emoções, o metabolismo e a digestão. O quarto chakra é o cardíaco (an?hata). O quinto chakra compreende a garganta (vi?uddha). O sexto chakra é do da intuição (?jñ?). Jung (1996) cita Feurstein que denomina a Kundalini como "uma manifestação microcósmica da Energia primordial, ou Shakti. É o Poder Universal, visto que está conectado com o corpo-mente finito". Através do movimento de consciência que pode ser realizado através da prática de meditação, por exemplo, a Kundalini pode ser despertada através da expansão desta energia/consciência a partir do chakra raiz para os chakras superiores, podendo chegar ao último chakra, que é o coronário (Sahasrara), e, quando isso acontece, Jung (1996) diz que "ocorre a união bemaventurada de ?iva e ?akti. Todo esse processo leva a uma transformação de longo alcance da personalidade". (p. 321). No terceiro quadrante, temos uma árvore sendo cortada pelo machado. A árvore é o "símbolo da vida, em perpétua evolução e em ascensão para o céu, ela evoca todo o simbolismo da verticalidade" (Chevalier & Gheerbrant, 2012, p. 84). A árvore põe igualmente em comunicação os três níveis do cosmo: o subterrâneo, através de suas raízes sempre a explorar as profundezas onde se enterram; a superfície da terra, através de seu tronco e de seus galhos inferiores; as alturas, por meio de seus galhos superiores e de seu cimo, atraídas pela luz do céu. (CHEVALIER & GHEERBRANT, 2012, P. 84). No quarto quadrante, temos uma vaca sendo sacrificada com uma faca. A vaca simboliza a Terra nutriz, a fecundidade, a docilidade. Para os Vedas, a vaca também representa: Volume XXII Issue IX Version I Ainda para a filosofia hindu, a vaca cósmica -a grande vaca malhada -também é vista como um segredo que revela a abundância, e toda pessoa iniciada a este segredo não pode se negar a compartilhar todo o alimento que possuir em abundância. Zimmer (2020) complementa com a citação: "De boa vontade dividirá com seus companheiros. Não desejará romper o circuito acumulando a substância para si mesmo" (p. 253). Além dos significados de abundância e fecundidade, a vaca também pode simbolizar a iluminação, pois era sacrificada após o término do ritual funerário de um indivíduo, como psicopompo: "uma vez acesa a fogueira, a assistência cantava pedindo à vaca que subisse com o defunto ao reino dos bemque passa pela Via-Láctea (Chevalier & Gheerbrant, 2012, p. 927)'. Voltando agora para a totalidade da imagem 127, pode-se perceber que ela revela quatro imagens envolvendo sacrifícios e Jung a nomeou de "Amor triunfa". O amor nasce no sacrifício. Na nota de rodapé 240, do Livro Vermelho, Shamdasani registra a inscrição que Jung escreveu ao pé do quadro. Ali Jung diz que quase não conseguiu acabar o quadro: Amar é sentir por dois às vezes.Quando amamos, podemos sentir profundamente não apenas a nossa dor por nos tornarmos vulneráveis por tanto amarmos, mas também é sentir a dor do outro. Os sacrifícios acontecem quando amamos profundamente. Há a necessidade de sacrificarmos o próprio eu para poder proteger, cuidar de si e do outro. E é esta forma de amar que tem o poder de enfraquecer a dor e de curar-nos. Assim, é na profundidade dos relacionamentos e nas profundezas do nosso ser, da nossa essência, que as nossas imagens carregadas como símbolos vivos, prenhes de afeto, que o processo de individuação, a busca pela integração interior, pode acontecer concomitantemente com o relacionamento exterior. # c) Imagem 159 -"flor de ouro" Imagem 159 -Livros Negros, Vol. I, p. 159 Comentário de Jung, em 1929, sobre"O segredo da flor de ouro": Conheço uma série de desenhos de mandalas europeias, onde aparece uma espécie de semente vegetal envolta em membranas, flutuando na água. A partir do fundo, o fogo sobe e penetra a semente, incubando-a de tal modo, que uma grande flor de ouro cresce da vesícula germinal. La, ele apresentou a seguinte interpretação dessa sequência: Este simbolismo refere-se a uma espécie de processo alquímico de purificação e enobrecimento; a escuridão gera luz e a partir do "chumbo da região da água" cresce ouro nobre; o inconsciente torna-se consciente, mediante um processo de vida e crescimento (em total analogia com isto, lembremos a kundalini da ioga hindu). Desse modo se processa a unificação de consciência e vida (JUNG, C.G. Os Livros Negros, Vol. I, 2020, p. 62). Em 1952, de forma anônima, Jung reproduziu o comentário acima e acrescentou o texto abaixo sobre o segredo da flor de ouro: A rosa no centro é retratada como um rubi, seu círculo externo sendo concebido como uma roda ou um muro com portões (para que nada possa sair de dentro ou entrar de fora). A mandala foi um produto espontâneo da análise do paciente. (JUNG, C.G. Os Livros Negros, Vol. I, 2020, p. 158). # Em outro momento, quando Jung narrou o sonho do paciente, incluiu: O sonhador diz: "Tentei pintar esse sonho; mas, como de costume, saiu logo bem diferente. A magnólia tornou-se um tipo de rosa de vidro e sua cor era de um rubi claro. Ela brilha como uma estrela de quatro raios. O quadrado representa o muro que cerca o parque e ao mesmo tempo uma rua que circunda o parque quadrado. Neste começam quatro ruas principais e de cada uma saem oito ruas secundárias, as quais se encontram num ponto central de brilho avermelhado, à semelhança da Étoile de Paris. O conhecido mencionado no sonho mora em casa de esquina, numa dessas Étoiles". A mandala reúne, pois, os temas clássicos: flor, estrela, círculo, praça cercada (tememos), planta de bairro de uma cidade com uma cidadela. "O todo me parece uma janela que se abre para a eternidade", escreve o sonhador. (JUNG, C.G. Os Livros Negros, Vol. I, 2020, p. 158). No livro 'O Segredo da Flor de Ouro', Jung (2013) diz que o Tao existe por si só, cujo segredo é a vida e a essência. E complementa: "se compreendermos o Tao como método ou caminho consciente, que deve unir o separado, estaremos bem próximos do conteúdo psicológico do conceito" (p. 37). E em relação à união de opostos, a partir de um aprofundamento da consciência, Jung (2013) diz que "não é uma questão racional e muito menos uma questão de vontade, mas um processo de desenvolvimento psíquico, que se exprime através de símbolos (p. 38). A flor de lótus é a flor de ouro, que representa "a luz" e "a luz do céu é o Tao"(p. 39). A flor de lótus,com toda a sua beleza e esplendor, nasce na lama, através do processo de purificação, de renascimento. Para a Índia, a flor de lótus "surge da obscuridade e desabrocha em plena luz, o símbolo do crescimento espiritual" (Chevalier & Gheerbrant, 2012, p. 559). # III. Caminhando Para as Profundezas de si No pensamento védico, a deusa Maia denomina a "ilusão a que se reduz este mundo das aparências, pois ele não passaria de fruto de uma operação mágica dos deuses" (Chevalier & Gheerbrant, 2012, p. 583). A respeito do daimon, das ilusões e das forças psíquicas, Jung diz: Em lugar de convencer-se que o daimoné uma ilusão, ele deveria experimentar novamente a realidade desta ilusão. Deveria aprender a reconhecer essas forças psíquicas, e não esperar que seus humores, estados nervosos e ideias obsessivas provém de um modo penoso que ele não é o único senhor em sua própria casa. As tendências dissociativas são verdadeiras personalidades psíquicas, de realidade relativa. São reais quando negadas, passando então a ser projetadas. ... Em relação a isto, é inútil tentar mentir a si mesmo. Somos possuídos por tudo aquilo a que nos apegamos; e quando somos possuídos, algo mais forte do que nós nos possui. (JUNG & WILHELM, 2013, P. 51) A partir disso, Jung disse que o véu de Maia não poderia ser retirado a partir de uma escolha / decisão lógica da pessoa, pois, para se alcançar uma "consciência livre de conteúdos e ilusões", há a necessidade de se trilhar uma caminhada profunda de dor e sacrifícios, ao buscar liquidar e resolver todas as dívidas que se tem com a vida e, se ainda"houver qualquer apego ou cupiditas, o véu não pode ser erguido" (JUNG & WILHELM, 2013, P. 52) Sobre o destino do homem, num nível metafísico, Wilhelm (2013) cita a metáfora de Lao-Tsé, que revela que "os caminhos do céu são aqueles através dos quais os astros se movimentam; o caminho do homem é a via pela qual ele deve andar" (p. 94). A individuação é o processo que acontece através da ampliação da nossa consciência (em relação aos aspectos que estão inconscientes). Dessa forma, podemos nos transformar e, passo a passo, vamosintegrando as partes da nossa psique e diminuindo a distância entre o Ego e o Self. # Sobre os conteúdos inconscientes, Jung revela: Uma das características da natureza da psique inconsciente é bastar-se a si mesma, desconhecendo toda consideração humana. O que cai no inconsciente é nele retido, que a consciência sofra com isso ou não. Esta última pode padecer de frio e fome, enquanto no inconsciente tudo viça e floresce. Sobre a "essência das coisas e do ser absoluto", Jung revelou que desconhecemos totalmente o que elas são. Contudo, ele registrou que há possibilidade de podermos experimentar de diversas formas seus efeitos sobre nós; dessemodo, sabe-se que os sentimentos são os reflexos que vêmde fora e as fantasias são os reflexos que se originam dentro da pessoa (OC Vol. 7/2, 2018, §355). As fantasias compreendem as nossas imagens interiores que podem ser resgatadas do inconsciente e virem a se tornar conscientes, através do processo de Volume XXII Issue IX Version I 16 ( ) psicoterapia, da ampliação das imagens vividas através de técnicas como a de imaginação ativa e as atividades expressivas, podendo ou não envolver mitos, contos de fadas, etc.Em relação à compreensão das fantasias, Jung disse: Enquanto estivermos tomados pela fantasia, é bom que nos entreguemos a ela, e nunca será demais. Mas quando quisermos compreendê-las, não devemos confundir a aparência, a imagem da fantasia com o que atua por detrás dela. A aparência não é a coisa mesma, mas apenas sua expressão (JUNG, C. G.,O EU E O INCONSCIENTE, OC VOL. 7/2, 2018, §353). Sobre a mudança na personalidade, Jung (2018) diz que ela não está relacionada a questões hereditárias, mas sim ligada às modificações gerais no comportamento do indivíduo. Para que essas mudanças aconteçam, primeiramente, a pessoa precisa trazer para consciência parte de seus conteúdos inconscientes, isto é, ter uma ampliação da consciência. Depois, acontece uma "diminuição gradual da influência dominante do inconsciente" sobre o consciente. E, por último, constata-se "uma transformação da personalidade" (Jung, OC vol. 7/2, 2018, §358). A força que proporciona o impulso a esse processo de transformação em confronto com o inconsciente foi denominada por Jung de função transcendente: As separações drásticas e oposições entre o consciente e o inconsciente, tão evidentes nas naturezas neuróticas e carregadas de conflitos, dependem quase sempre de uma unilateralidade acentuada da atitude consciente, que prefere de um modo absoluto uma ou duas funções, relegando as outras indevidamente para o segundo plano. A conscientização e vivência das fantasias determinam a assimilação das funções interiores e inconscientes à consciência, causando efeitos profundos sobre a atitude consciente. (JUNG, C. G., OC VOL. 7/2, 2018, §359). Da mesma forma, sobre a nossa capacidade de compreender o outro, Jung escreveu: A maioria esmagadora dos homens é incapaz de colocarse individualmente na alma do outro. Esta é uma arte rara, que não nos leva muito longe. Quando pensamos entender alguém, melhor do que aos outros, com a confirmação espontânea dessa pessoa, mesmo assim devemos confessar: no fundo, esse alguém é-nos estranho (JUNG, C. G., OC VOL. 7/2, 2018, §363). Também podemos observar em relação ao eixo Ego-Self, Jung diz que o "centro da personalidade total" se situa num ponto "entre o consciente e o inconsciente" (Jung, OC vol. 7/2, 2018, §365). E no Livro Vermelho, Jung (2014) diz: "Profundeza e superfície devem misturar-se para que surja nova vida, mas a nova vida não nasce fora de nós, e sim dentro de nós" (p. 39). Para Stein (2020), a individuação é projeto em que a pessoa busca a ampliação da consciência durante toda a sua vida. Para que isso ocorra, Stein diz que há a necessidade de o indivíduo romper "a identidade inconsciente com a persona, de um lado, e com as figuras da anima / animus de outro" (p. 44). Uma das principais conquistas da individuação consiste em chegar a esse tipo de fluidez em consciência e alcançar certo grau de liberdade com relação a identidades que foram criadas na infância e na adolescência e, depois consolidaram-se através de sucessivos apegos, amores, lealdades e a necessidade de pertencer a ser um membro fiel de determinada comunidade. (...) A consciência precisa se libertar disso se a pessoa quiser alcançar a individualidade e sua verdadeira unicidade (STEIN, MURRAY, 2020, p. 45). Sobre as provações extremas, Stein (2020) aponta que,no tempo em que o indivíduo está na "jornada do herói", ele vive entre a proteção e a separação da consciência. Depois dessa fase, "se inicia como tema de uma potencial coniunctio, o casamento" (p. 81). Aqui o casamento está relacionado à união das partes que estavam separadas, polarizadas. A busca e o encontro de um equilíbrio entre essas partes que estavam separadas, dissociadas. A busca desse casamento, o aprofundamento em si, não acontece sem uma descida ao inferno pessoal, e Jung disse "árvore nenhuma cresce em direção ao céu, se suas raízes também não se estenderem até o inferno"(Jung, OC vol. 9/2, 2018, §78). O inferno pessoal envolve as dores da alma, que trazem consigo toda a herança familiar de traumas vividos na infância e naadolescência; as crises de identidade; as dificuldades nas relações conjugais, profissionais etc.; a falta de significado, sentido, vazio existencial;às doenças psicológicas / físicas e outros. O que todos já sentiram é que, mais dia menos dia, passaremos por essas provações, em que podemos ter uma vida plena e abundante em muitas áreas, mas nos sentimos pobres, miseráveis, carentes em alguma área de nossa vida, de nossa alma. Sedentos por algo que, na maioria das vezes, não sabemos nomear o quê, ou não compreendemos. E a nossa alma nos chama ao seu encontro para que possamos dançar algumas valsas e pôr-nos a desvendá-la. Para ouvir o seu chamado, revelar o seu segredo, há a necessidade de abandonarmos todas as defesas, máscaras, papéis, personas, toda a bagagem que construímos para nos tornarmos heróis e heroínas de nossas vidas. É preciso de uma verdadeira entrega. Entrega é sacrifício, é amor. Há a necessidade da busca interior que se dá através da jornada do conhecimento de si. Essa entrega está atrelada a termos a consciência de que somos frágeis e sabemos muito pouco ou quase nada de nós mesmos e da vida. A alma está relacionada com a anima, com os nossos sentimentos, a nossa forma de sentir. Por isso, não há como nos aprofundarmos em nós mesmos, em nossa essência, no amor, sem que nos tornemos vulneráveis. Para se reencontrar, às vezes, é necessário se perder. É do caos que o cosmos pode surgir, é numa desordem psíquica, numa crise, em que se pode criar uma nova vida dentro e fora de si. "Alma implica em inferioridade -algo sensível, patológico. A alma faz o ego sentir-se desconfortável, inseguro, perdido. E este perder-se é um sinal de alma. Você não poderia ter ou ser uma alma se não pudesse sentir que a perdeu [...] Anima (alma) torna a pessoa sensível, melancólica, um pouco desamparada, um pouco insegura. E quando você trabalha com essas condições, você se torna psicológico: você descobre a interioridade, se torna reflexivo, percebe sua própria atmosfera (HILLMAN, J. em Entre Vistas, 1989, p.26 e p.28). Jung (2014) disse que "Grande é o poder do caminho" (p. 308), retratando a força, amagia que o nosso caminho nos atrai, nos envolve, nos puxa. E, na nota de rodapé 243,ele continuaa falarsobre o caminho: "ele arrasta consigo outros e os incendeia, o poder do caminho está nos dizendo que não temos escolha a não ser nos aprofundarmos em si mesmos". A força da atração e da magia está ligada às relaçõesvamosatrair as relações e sentir aquilo que precisamos sentir em relação às pessoas e aos seus modos de ser. Contudo, essas relações que atraímos e vivemos, sejam momentos bons ou ruins, essas relações e o que sentimos vão falar muito de nós e das nossas necessidades internas (psíquicas). Para Jung (2018), os afetos (amor/ódio), as emoções (a paixão) também podem influenciar os eventos de sincronicidade através da sua força, pois podem influenciar as coisas, as experiências, as relações de forma mágica: É a alma que deseja uma coisa mais intensamente, que torna as coisas mais eficientes e mais semelhantes àquilo que surge... Semelhante é o modo de produção em tudo o que a alma deseja intensamente. Isto é, tudo o que a alma faz, com este fim em vista, tem a força propulsora e a eficácia para aquilo que a alma deseja. (JUNG, C. G., OC Vol. 8/3, 2018, §859). Para compreendermos como acontece essa coniunctio dentro e fora de nós, Owens (2015) diz: "A alma não pode existir sem seu outro lado, que sempre é encontrado em um 'Você'". No entanto, por mais essencial que fosse o relacionamento humano com Jung, ele reconheceu que esse contato estava ocorrendo em conjunto com imagens emergentes das profundezas. O relacionamento abriu um caminho, mas a totalidade resultou de um processo intrapsíquico trabalhado em conjunto com o relacionamento externo: A individuação tem dois aspectos principais: em primeiro lugar, é um processo interno e subjetivo de integração, e, em segundo, é um processo igualmente indispensável de relacionamento objetivo. Nenhum dos dois pode existir sem o outro, embora 110 vezes um e às vezes o outro predomina (OWENS, L., 2015, P. 43). Certa vez, nos diálogos de Jung com a própria alma... sua alma lhe respondeu: "Meu caminho é luz" (Jung, 2014, p. 240). Luz é tomar posse pela busca de ser consciente de quem se é e do que se quer. E não sermos levados inconscientes pelo destino. Então, podemos perceber que a luz é fogo que queima para iluminar o nosso caminho! A luz é fogo, é sabedoria que nos conduz. Na imagem 64, o altar para Agni pode representar esse desejo de queimar tudo aquilo que precisamos para nos purificar, nos ascender, nos aproximar de Deus. Queimar é uma necessidade para a transformação. É preciso queimar as velhas formas de ser para que a sabedoria e a paz possamnascer: E na Paz que é superior a todo intelecto, ele encontra a sua libertação de todas as aflições e dores da vida. Quando, porém, a sua mente está livre destes elementos de inquietação, fica aberta ao influxo da sabedoria e da ciência. Não podemos chegar à verdadeira ciência aqueles que não entraram nessa Paz, pois, sem a Paz e sem a calma não é possível existir sabedoria, nem felicidade (BHAGAVAD-GîTÂ, 2006, P. 40, § 64-65). É escura a trilha do homem para alcançar o mundo novo... porque viver o sacrifico da cruz é abdicar do eu para viver a totalidade.Os nossos sentimentos, por sua vez, são fecundados a partir de nossas experiências de vida, são complexos. Por isso, não há crescimento e compreensão de si, sem dor, sem sacrifício. Não há como se aprofundar no amor por si e pelo outro, sem entrega, sem sentir dor, sem sacrifícios.Nossos desejos e vontades do "eu" precisam ser sacrificados para que o amor se aprofunde, para que possamos contatar com um amor mais genuíno. Outro ponto importante é a questão do perdão. Depois de crucificado, Jesus nos perdoou demonstrando seu amor e misericórdia para os nossos erros e a nossa inconsciência de nós mesmos e de nossas responsabilidades: cada um, em seu caminho de encontrar o seu melhor, irá se deparar com seus infernos pessoais, com tudo aquilo que rejeita e abomina no mundo eem si. Logo, para encontrar o seu novo lugar no mundo, dentro da sua psique, precisará perdoar a si mesmo pelas próprias falhas. Não há transformação sem mortes internas, sem perdão e sem amor por si mesmo. Só através deste movimento de amor consigo próprio é que o amor pode triunfar. O amor se torna sagrado dentro de nós. O segredo da flor de ouro -a flor de lótus que nasce no lodo -revela que as nossas sombras, os nossos erros do caminho fazem parte da natureza humana e das tentativas de se encontrar, de se tornar inteiro. Revela também que precisamos continuar ampliando a nossa consciência de si para que as mortes internas possam nos impregnar de luz e fecundar-nos amor e vida nova. ![, Love, the Golden Flower and the Process of Individuation -A Reflection on the Pain of the Soul, Sacrifice and Transformation from the Images of the Black Books, by Carl Gustav Jung O fogo, o Amor, a Flor de Ouro e o Processo de Individuação -Uma Reflexão Sobre a Dor da Alma, o Sacrifício e a Transformação a Partir das Imagens de Os Livros Negros, de Carl Gustav Jung Cristiane Bergmann de Souza I.](image-2.png "Fire") ![Mas em que mito vive o homem de nossos dias? ? No mito cristão, poder-se-ia dizer. ? Por acaso vives nele?, algo perguntou em mim. ? "Respondo-lhe com toda a honestidade, não! Não é o mito no qual vivo. ? Não. Parece que não vivemos mais um mito. Mas qual é o mito para ti, o mito no qual vives?" ? Sentia-me cada vez menos à vontade e parei de pensar. Atingira um limite. (JUNG, C.G., 2016, P. 177-178).](image-3.png ""?") ![Author: Psicóloga, Especialista em Arteterapia, Especialista em Psicologia Clínica Junguiana, Especialista em Violência Doméstica contra a criança e ao adolescente, Analista Junguiana em formação IJRS. e-mail: crisbst@gmail.com](image-4.png "A") ![JungPara esta análise, as imagens de Jung escolhidasa partir de"O Livro Vermelho" e de "Os Livros Negros"foram:, respectivamente,64, 127 e 159:Imagem 64 -Livro Vermelho, p. 64 -Liber primus Imagem 127 -Livros Negros, Vol. I -p. 155 Imagem 159 -Livros Negros, Vol. I, p. 159 a) Imagem 64 -O fogo e o altar para Agni Livro Vermelho, p. 64 -Liber primus O fogo e a sua simbologia compreendem que o seu poder vem do sol. Bachelard (1994) diz que o fogo possui as qualidades do bem e do mal em si: Um fenômeno privilegiado capaz de explicar tudo. Se tudo o que muda lentamente se explica pela vida, tudo o que muda velozmente se explica pelo fogo. O fogo é ultravivo. O fogo é íntimo e universal. Vive em nosso coração. Vive no céu.Sobe das profundezas da substância e se oferece como um amor. Torna a descer à matéria e se oculta, latente, contido como o ódio e a vingança. Dentre todos os fenômenos, é realmente o único capaz de receber tão nitidamente as duas valorizações contrárias: o bem e o mal. Ele brilha no Paraíso, abrasa o Inferno. É doçura e tortura. (BACHELARD, 1994, P. 11).](image-5.png "") ![, the Golden Flower and the Process of Individuation -A Reflection on the Pain of the Soul, Sacrifice and Transformation from the Images of the Black Books, by Carl Gustav Jung](image-6.png "") 14![Arquétipo da mãe fértil, desempenhando um papel cósmico e divino: "A vaca é o céu, a vaca é a terra; a vaca é Vixemu e Prajapati; o leite ordenhado da vaca saciou os Sadhya e os vasni. ... nela reside a ordem divina". (CHEVALIER & GHEERBRANT, 2012, P. 927).](image-7.png "14 ()") resistência.18Santo Agostinho tem a citação deconhecimento popular que diz "A medida do amor éamar sem medida". O amor para Santo Agostinho eradividido em caritas (caridade)e cupiditas(desejo,)cobiça). Assim, "O amor como desejo que contraposto(à oposição caridade/cobiça, revela a contradição dochamado amor ordenado" (Carvalho, 2003, p. 502).Sobre a dificuldade de se viver o amor emtodas as fases da vida, Jung escreve:O Fire, Love, the Golden Flower and the Process of Individuation -A Reflection on the Pain of the Soul, Sacrifice and Transformation from the Images of the Black Books, by Carl Gustav Jung O símbolo de Cristo crucificado é um caminho para a luz e o amor. E uma das famosas frases de Jesus na cruz é "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23:34). Podemos olhar o que isso nos revela sobre alguns aspectos:pode representar as nossas sombras, como também a nossa própria inconsciência sobre quem somos e como agimos, sentimos, pensamos. E esta inconsciência faz com que, muitas vezes, coloquemos as nossas escolhas e o nosso caminho de vida nas mãos dos outros ou no "destino". * A água e os sonhos: ensaio sobre a imaginação da matéria São Paulo: Martins Fontes GastonBachelard 1997 * GastonBachelard Psicanálise Do Fogo São Paulo 1994 Martins Fontes * Bhagavad-Gîtâ Mensagem Do Mestre 2006 Pensamento São Paulo 22ª ed * As Máscaras de Deus -Mitologia Oriental JosephCampbell 1995 São Paulo; Palas Athena 2ª ed * Ensaio de Interpretação Filosófica MárioCarvalho Santiago Arendt Hannah SantoConceito De Amor Em Agostinho 2003. Nov 2021 Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos Filosóficos * Jean;Chevalier AlainGheerbrant Dicionário de Símbolos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Jose Olympo 2012 * MirceaEliade Sagrado E O Profano. São Paulo Livraria Martins Fontes Editora Ltda 1992 * Imagens e Símbolos MirceaEliade Editora Artes e Letras / Arcádia Lisboa, Portugal 1979 * Entre Vistas -conversas com Laura Pozzo sobre psicoterapia, biografia, amor, alma, sonhos, trabalho, imaginação e o estado da cultura JamesHillman 1989 Summus São Paulo * Os Livros Negros -Cadernos de transformação 1913-1932 CarlJung Gustav por Sonu Shamdasani. Petrópolis: Vozes 2020 * CarlGustavJung O Livro Vermelho por Sonu Shamdasani. Petrópolis: Vozes /C GLiber Novus Jung 2014 * The Psychology of Kundalini Yoga, Notes of the Seminar given in 1932 by CarlJung Gustav C. G. Jung / editado por Sonu Shamdasani 1996 Princeton University Press New Jersey electronic edition * CarlGustavJung Memórias CGSonhos E Reflexões Jung 2016 Rio de Janeiro; Nova Fronteira * A Psicologia do Inconsciente CarlJung Gustav Petrópolis: Editora Vozes 2018 7 * CarlJung Gustav Ehditora Vozes Petrópolis 2018 7 * A Dinâmica do Inconsciente CarlJung Gustav Editora Vozes Sincronicidade, OC; Petrópolis 2018 8 * CarlJung Gustav Editora Vozes Aion, OC; Petrópolis 2018 9 * Civilização em mudança -Civilização em transição CarlJung Gustav Editora Vozes Petrópolis 2018 10 * CarlJung Gustav * RichardWilhelm Segredo Da Flor De Ouro 2013 Vozes Petrópolis * LanceOwens Jung in Love -The Mysterium in Liber Novus. Gnosis Archive Books 2015 * Jung e o Caminho da Individuaçãouma introdução concisa MurrayStein 2020 Cultrix São Paulo * HeinrichZimmer Filosofias Da Índia São Paulo 2020 Palas Athena Editora